Por que motivo continuam a usar a expressão células estaminais?
Idealmente, deveriam ser os cientistas a definir a terminologia correcta no seio das disciplinas emergentes, como a genética, nas quais existe uma profusão de novos conceitos que mais cedo ou mais tarde têm de ser vertidos para a língua portuguesa. Porém, há ocasiões nas quais as traduções apressadas se antecipam e consolidam termos que, não estando correctos, se generalizam. Foi o caso da tradução para stem cells.
As stem cells são as células com potencial para se desenvolverem em vários tipos de células do corpo durante a fase de crescimento do indivíduo. Quando se divide, cada nova célula pode continuar a ser uma stem cell ou tornar-se outro tipo de célula com função especializada.
Distinguem-se assim dos restantes tipos de células porque:
1) são células não especializadas capazes de se renovar através de processos de divisão, mesmo depois de longos períodos de inactividade,
2) sob certas condições, podem ser induzidas a tornarem-se células específicas de tecidos ou órgãos.
Como traduzi-las? De acordo com o biólogo José Matos, da Ordem dos Biólogos, a tradução correcta seria células de tronco ou células indiferenciadas. Estaria mais de acordo com o conceito acima explicitado. A tradução, porém, apressou-se à revisão científica e generalizou o conceito de células estaminais, termo incorrecto até porque induz a percepção de que se tratariam de células associadas aos estames das plantas.
Como muitos órgãos de comunicação, a revista usa "células estaminais", procurando, sempre que possível, elucidar que elas são as células-tronco. São os compromissos de quem comunica para ser entendido!
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