Deve haver algum cuidado na tradução de alguns textos, como o do nº de Julho relativo à "Coruja dos Urales". Obviamente que numa pesquisa "informal" no Google, detecta-se que a designação também se pode usar em português mas julgo, que o prestígio e a qualidade editorial da NG merecem toda a atenção e que, por isso, na edição portuguesa, se devem usar, sempre, as designações em português, como no caso, deveria ter sido "Coruja dos Urais [leitor identificado]
Sobre a polémica “Urales” versus “Urais”, utilizamos desde o nosso primeiro número a versão “Urales”. Este é um caso em que o singular não oferece dúvidas. Ural é aceite sem controvérsia, como se confirma pelo nome do rio Ural. No entanto, no plural (Urales, como no exemplo destacado pelo leitor em montes Urales) é usual o erro quando se opta por Urais. Se o termo fosse popular ou se tivesse sido popularizado por uso excessivo, poder-se-ia transigir com o erro e até legitimá-lo se os linguistas assim o determinassem. Porém, não é isso que sucede, mesmo que alguns dicionário registem as duas formas.
Urales é correcto e Urais incorrecto. Assim mesmo se pronuncia Peixoto da Fonseca, consultor do Ciberdúvidas, considerando Urais uma forma antiga que José Pedro Machado mencionava no seu “Dicionário Onomástico da Língua Portuguesa”. O consultor justifica a sua opção por Urales, com origem no singular francês Oural. Não se tratando de um termo vernáculo cuja evolução possa etimologicamente deduzir-se por analogia com termos semelhantes (por ex. singular qual, plural quales, quaes (queda da consoante intervocálica), quais (prevalência da sonoridade do ditongo ai), o plural será Urales, muito naturalmente.
Hélder Guégués, no seu blogue “letratura”, pronuncia-se de modo idêntico. “O Grande Dicionário de Cândido de Figueiredo” e “O Vocabulário Ortográfico de Rebelo Gonçalves” (obras de consulta preferidas durante muitos anos por revisores de imprensa) registam Urales. O mesmo sucede no “Dicionário Prático Lello Ilustrado” e na generalidade dos prontuários ortográficos publicados.
Terminamos, dizendo que as línguas são dinâmicas e que o uso de um topónimo errado só poderá justificar-se em caso de generalização continuada. Não é o caso.