sábado, 15 de outubro de 2011

(18) Espécies exóticas e endémicas

Quais as diferenças?

Cada eco-região apresenta uma distribuição de seres vivos única, mas não prístina. Por força do forte impacte da circulação humana em todas as regiões do globo e por vários fenómenos de movimentação de seres vivos, cada região é um caldeirão de espécies exóticas, nativas e, por vezes, endémicas.
As espécies exóticas são introduzidas – na maioria dos casos, por acção voluntária ou involuntária dos seres humanos. As espécies endémicas (do grego endemos, ou seja, indígena) correspondem aos seres vivos que existem exclusivamente naquela região. Essa é a distinção substancial.
No entanto, há ainda o conceito de espécie nativa. Corresponde ao conjunto de seres vivos que se podem encontrar num determinado ecossistema ou eco-região. Inclui portanto endemismos, espécies cosmopolitas e espécies invasoras ou exóticas. Estas últimas podem até ser símbolos da conservação local, como sucedia há alguns anos nos Açores, com a promoção das introduzidas hortênsias como ícone da biologia vegetal regional.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

(17) Células de tronco e células estaminais

Por que motivo continuam a usar a expressão células estaminais?

Idealmente, deveriam ser os cientistas a definir a terminologia correcta no seio das disciplinas emergentes, como a genética, nas quais existe uma profusão de novos conceitos que mais cedo ou mais tarde têm de ser vertidos para a língua portuguesa. Porém, há ocasiões nas quais as traduções apressadas se antecipam e consolidam termos que, não estando correctos, se generalizam. Foi o caso da tradução para stem cells.
As stem cells são as células com potencial para se desenvolverem em vários tipos de células do corpo durante a fase de crescimento do indivíduo. Quando se divide, cada nova célula pode continuar a ser uma stem cell ou tornar-se outro tipo de célula com função especializada.
Distinguem-se assim dos restantes tipos de células porque:
1) são células não especializadas capazes de se renovar através de processos de divisão, mesmo depois de longos períodos de inactividade,
2) sob certas condições, podem ser induzidas a tornarem-se células específicas de tecidos ou órgãos.

Como traduzi-las? De acordo com o biólogo José Matos, da Ordem dos Biólogos, a tradução correcta seria células de tronco ou células indiferenciadas. Estaria mais de acordo com o conceito acima explicitado. A tradução, porém, apressou-se à revisão científica e generalizou o conceito de células estaminais, termo incorrecto até porque induz a percepção de que se tratariam de células associadas aos estames das plantas.

Como muitos órgãos de comunicação, a revista usa "células estaminais", procurando, sempre que possível, elucidar que elas são as células-tronco. São os compromissos de quem comunica para ser entendido!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

(16) São Columba e São Columbano

Existem diferenças entre São Columba e São Columbano ou são dois nomes para o mesmo santo?

Embora os santos não sejam propriamente o objecto tradicional da revista, alguns textos históricos fazem referência à introdução do cristianismo nas ilhas britânicas e, nesse contexto, a distinção entre São Columba e São Columbano teve de ser estudada. O arqueólogo medievalista Mário Barroca, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, ajudou-nos a especificar a distinção.
Na verdade, embora tenham sido contemporâneos (o que facilita a confusão entre ambos), foram pessoas distintas.
São Columbano (Saint Columbanus, em inglês) nasceu no ano 540 d.C. na Irlanda e destacou-se pelo trabalho de missionação na Europa Central, onde fundou vários mosteiros.
São Columba (Saint Columba, em inglês) nasceu em 521 d.C., provavelmente na Irlanda também, mas, ao contrário do seu sucessor, permaneceu nas ilhas, sendo hoje considerado um dos percursores do cristianismo na Grã-Bretanha. É apontado como o fundador de alguns dos principais mosteiros irlandeses, como Kells e Derry, e deverá ter sido através dele que os pictos medievais tomaram contacto com a doutrina cristã.